19 janeiro, 2009

marry me

eu parei no tempo quando estendi a mão pra ela e disse: vem. se eu soubesse que ia ser assim talvez não o tivesse feito. ou sim, de qualquer forma. é totalmente completamente inutilmente impossível tentar descrever um décimo de cada coisa que se passou, aqui agora. é desnecessário também dizer isso pra qualquer pessoa que não seja eu. mais uma vez é só aquela corriqueira tentativa de divisão, da minha pessoa tão cheia de peças soltas. eu parei no tempo desde que ela entrou na minha vida numa tarde provavelmente ensolarada do final de outubro. e chegou trazendo uma coisa densa, uma coisa indizível, intangível e todos os in que possam imaginar. os amores anteriores nunca conseguiram isso. os possíveis e os platônicos. se bem que amor platônico não é amor, é burrice. e os amores posteriores também não conseguiram. não que fossem amores realmente, mas enfim. por mais que eu tenha ficado confusa do que sentia por ela e esses malditos outros amores estivessem ali por perto querendo atenção, ela nunca deixou de ser mais forte que todos eles juntos. é, é bonitinho falar assim, mas não é uma declaração de amor. absolutamente não gostaria que ela lesse isso e sei que não vai ler. e acho ótimo. agora tudo acabou e não há espaço pra palavras. e eu também incrivelmente me pego pensando que não quero, essas palavras. eu só queria dizer - pra vocês e não pra ela - que essa coisa densa que ela trouxe (e que eu mandei embora depois que acabou), essa coisa densa é tipo uma areia movediça, não. tipo quando tem sol no final da tarde e começa a chover fino, tão fino que o que dá pra ver são só as partículas de água cortadas pela luz, coloridas pela luz, fodidas pela luz. ainda assim essa imagem não é suficiente. é a imagem + mais a sensação de estar preso. preso do tipo presença, envolvimento. se bem que as vezes eu me sentia tão presa, do jeito ruim, tão enjaulada.
ok, desisto de falar da coisa densa. é só que, depois que acabou, definitivamente pra mim, eu comecei a mandar embora todas as coisas dela e essa coisa densa, que foi junto. estar longe dessa coisa densa é o que me mantem afastada dela e me faz não querer voltar. aí, por isso que agora vem uma putinha duma música da st. vincent que eu nem conheço desde o começo com ela mas só agora quase no final e só porque tem um refrão idiota que fica repetindo marry me john e a voz da mulher é quase um soluço, é que eu me deparo de novo com a coisa densa. é que eu lembro dela e de tudo denso (denso que é intenso) que houve entre nós. mas, finalmente, eu posso dizer que não estou chorando (!) porque chorar faz parte da coisa densa e, mais finalmente ainda, eu estou (apesar de) conseguindo manter certa distância dessa coisa.
e aí pra você ver, que coisa.
P.S. o pior é tipo agora, quando me dá uma dor na mão por causa dos socos que eu dei nela, digo, na parede. (posted in quanta alegria) haha

3 comentários:

B. disse...

"mas, finalmente, eu posso dizer que não estou chorando (!) porque chorar faz parte da coisa densa e, mais finalmente ainda, eu estou (apesar de) conseguindo manter certa distância dessa coisa."

B. disse...

"se bem que amor platônico não é amor, é burrice."

haha, isso foi bem absoluto!

Joana D. disse...

fantabuloso, esse ser em pedaçõs com peças que não se completam pois uma parte deles roubei (mas tb ganhei algumas)
"Take Another Little Piece Of My Heart" (lembra?)

texto está do avesso