22 agosto, 2013

esse mesmo coração que você quer arrancar do peito, numa cena trash e também piégas. que está vivo ainda e que bate de dor e de prazer. que te mata de uma forma lenta e

[como é que chama uma coisa quando ela vem assim aos trancos, aos pulos, aos saltos da boca do estômago pra fora como que rasgando? é impulso, é frêmito, é ESPASMO]

você quer arrancar esse coração com o bisturi mais afiado, como quem faz um trabalho de médico/artesão, sem anestesia e com uma paciência de jó que o mais catártico do ato se tornará o instante em que o durante permanecer do que o próprio ato em si.

essa cegueira fingida e provocada que parece ver mais do que lente de aumento.

o coração sozinho se abre em ventas e sangra frio sob o peito, onde o silêncio é fúria ou som ou qualquer coisa inaudível de tão alta frequência que emana dali.

há como que o ruído de uma torneira que insiste em pingar na medida certa. sem matar. sem morrer. sem completar o processo apenas para extrair dele a maior quantidade possível de dor.

você tentar falar, expor esse processo até o último movimento possível e junto com a sua língua saltam gotículas de sanguesaliva que mancha o interlocutor até a mais funda dobra de conversa

e então você pára.




porque a sua boca já está sufocada com as pequenas partes do seu próprio corpo dos seus órgãos internos das suas palavras antes engolidas com grandes garfadas. você pára para aprender a conviver com um outro estado de coisas, que irá lhe exigir a boca sempre entreaberta e cheia de pedaços de si dos quais você não conseguiu se livrar e nem devolver ao mundo.

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