04 setembro, 2013

Você, em pequena, devia ser uma canção. Daquelas singelas em que a família toda cercava a vitrola para ouvir. Você, quando moça, deve ter sido um pássaro. Passarinho, dos miúdos, que andam pulando, e se movem com rara graça e descompostura. [ Você ria alto. Seus olhos são mesmo castanhos, eu confirmei. ] Você, mulher, é ainda uma construção delicada. Uma firmeza de trejeitos, uma suavidade de pele. Teu rosto dorme no meu sonho com a espera muda e lenta, você não reconhece. E talvez o teu corpo ainda em repouso seja a massa sólida que me prenda. O mundo é real.